sexta-feira, 7 de junho de 2013







2.2. ELEIÇÃO DE DIRETORES: LIMITES NA IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA

Existem inúmeros questionamentos sobre a democratização educacional através da eleição de diretores. Primeiramente, porque a gestão democrática apresenta três aspectos: o acesso à escola, o processo pedagógico e o processo administrativo. No acesso à escola, são criados mecanismos para criação e ampliação das unidades escolares, garantindo um espaço escolar para todos os cidadãos, pois "os órgãos oficiais entendem a democratização do ensino como a facilidade de acesso à escola pelas camadas mais pobres da população." (HORA, 2005, p. 35). Isso, no entanto, não garante a democracia educacional, já que outros fatores estão implicitamente ligados a este aspecto: salários dignos aos professores e melhoria da condição de trabalho, não apenas referente ao uso de novas tecnologias, mas de uma nova maneira de pensar o trabalho educativo.

Com a possibilidade de uma gestão democrática, criou-se a ideia de que o gestor iria solucionar todos os problemas educacionais, pois seria agora um representante da comunidade na escola. No entanto, não foi isso que aconteceu. Muitos gestores não conseguiram estabelecer a gestão democrática na sua Unidade Escolar, e os professores, que estão diretamente ligados a ele, continuaram insatisfeitos com a situação.
A ação dos dirigentes escolares não pode ser individual, até porque o próprio conceito de democracia demanda uma participação de todos nas decisões e ações da Unidade. O que ocorre, na verdade, é que muitos diretores foram eleitos, mas não sabem exatamente quais são suas funções em uma gestão democrática, não sabem se devem servir a quem os elegeu ou se devem continuar representando as classes de domínio público.


Gerir uma escola democraticamente não é tarefa fácil, mas é possível. A eleição de diretores escolares representa um clamor da população e possibilita uma transformação social, apesar de não garanti-la. Cria estratégias para que a comunidade possa participar das decisões da escola, sentindo-se parte da Unidade, porém não pode efetivar essa participação. Garante que todos os professores de curso superior possam concorrer à função de diretor, no entanto, não pode afirmar que ele seja um gestor democrático depois que assumir ou que será somente mais um representante do poder público local. Nada é garantido, nada é absoluto. O que é visível é a mudança nas instituições que estão com uma gestão democrática: a comunidade se sente mais à vontade para estar com a direção, opinando, tirando dúvidas, participando dos eventos e das decisões. Mesmo quando não pode estar presente nas reuniões, dirige-se à escola para conversar com o gestor, porque se sente bem vinda e sabe que será ouvida por ele. Isso tudo porque a "maior possibilidade de opinar, característica de um ambiente mais democrático, acaba levando os sujeitos envolvidos na educação escolar a uma postura mais participativa" (PARO, 2003, p. 388), o que ressalta que a implantação da gestão democrática é uma ação positiva.

A capacitação profissional para o cargo de gestor é uma necessidade na formação do profissional da educação que deseja assumir as funções de gestão escolar, pois mesmo possuindo experiência em sala de aula, no caso de professores, estará acrescentando atribuições às suas antigas funções, exercendo o papel de gestor administrativo e pedagógico. Um curso de gestão certamente não garantirá sua competência profissional, mas norteará suas ações na Unidade Escolar, pois "quanto mais se exercita a discussão coletiva das questões referentes à própria gestão da escola, mais se capacitam seus diversos segmentos para a busca de respostas à prática educativa como um todo"(GADOTTI; ROMÃO, 2003, p. 101).
É verdade que somente isso não trará como resultado uma boa gestão. Para que isso ocorra, é preciso que sejam feitas boas escolhas pela comunidade local. E preparar a comunidade para exercer o papel da cidadania na escolha de dirigentes escolares e na participação das decisões da escola é função da instituição
A função do diretor vem se modificando no decorrer do tempo: na década de 70, o diretor era escolhido por grupos políticos influentes na cidade, mantendo o que chamamos de clientelismo político. Somente a partir da década de 80, foram estabelecidas novas maneiras de escolha dos dirigentes escolares. Mesmo com essa nova forma de escolha, ainda não podemos afirmar que houve uma mudança permanente na forma de gerir a escola. Muitos gestores não fazem a chamada gestão compartilhada ou gestão participativa; ao contrário, muitos consideram que sua função na escola é de definição, quando, na verdade, eles deveriam compartilhar as decisões, convidar a comunidade a participar mais e desenvolver um clima de harmonia com os demais profissionais.